sexta-feira, 8 de maio de 2009

NARRAÇÃO MATUTA DE FUTEBOL


Este futebol matuto
Que agora passo a narrar
Sucedeu-se em Pernambuco
Bem perto do Ceará
Foi o jogo mais difícil
Que eu vi no meu ofício
No sertão de Deus dará.

Foram dois times que jogaram
Na terceira divisão
Um se chamava Prado
O outro de Conceição
O Prado era de casa
E seria uma desgraça
Perdendo pro Conceição.

O Juiz entrou em campo
Com uma grande missão
Era um juiz bem novinho
Com um apito na mão
Os bandeirinhas esquisitos
Perecendo dos mosquitos
Com a flanelinha na mão.

O plantel era composto
Com a seguinte escalação
De um lado o time do Prado
Do Outro o de Conceição
Que assim se resumia
E a negrada com alegria
Esperava a escalação.

O Time do Prado jogava
Com CHICO DO BODE
PEZÃO, PEITICA, ZÉ DE MARIA E CABEÇÃO.
ANANIAS, BARTOLOMEU E TRINDADE.
ZÉ DA BURRA, CU DE PUIGA E NEGÃO.

O Atlético de Conceição
Com CHICO DE ASSIS.
ZEZINHO, TOINHO, VAQUEIRO E BUREGO.
MALAQUIA, LOURIVAL E ESQUERDINHA.
LOURO ZÉ, JOAQUIM E ANTONIO PADEIRO.

E o jogo começou
Bola vai e bola vem
Louro Zé pegou a bola
Chutou sem saber pra quem
Esquerdinha que era craque
Tabelou e deu combate
E fez gracinha também.

PEITICA era baixinho
E duro de porrada
Matou a bola no peito
Como na encruzilhada
Deu a bola pra PEZÃO
Que jogou com CABEÇÃO
E fez uma linda jogada.

CHICO DE ASSIS era alto
Um goleiro de primeira
Deu a bola pra BUREGO
Que só jogava na feira
Passando pra MALAQUIA
Deu o drible que queria
Mais estava na banheira.

Numa certa ocasião
O juiz deu uma falta
De ZÉZINHO em ZÉ DA BURRA
Uma lapa de mãozada
Quase que o homem mata
O pobre de ZÉ DA BURRA
Numa infeliz jogada.

CÚ DE PUIGA foi bater
A falta bem colocada
Ajeitou bem a pelota
Não tinha medo de nada
Deu um chute tão potente
Que até o presidente
Levantou-se com a jogada.

CHICO DE ASSIS aperreado
Bateu o tiro de meta
LOURIVAL matou a bola
Quase dava bicicleta
Lançou para JOAQUIM
Que tava lá em Pequim
Com a boca na gamela.

CABEÇÃO faz uma falta
Dentro da pequena área
O juiz marca o pênalti
E a torcida se exalta
MALAQUIAS se agita
E a torcida toda grita
GOOOOOOOOOOL!
Lavou-se mais uma alma.

Logo após uns dois minutos
VAQUEIRO lança BUREGO
Matando a bola no peito
Deu um chute tão certeiro
Que furou até a rede
A potencia do porrete.
E, a torcida grita GOOOOOOOL!
Foi do jogador BUREGO.

No final desta partida
CÚ DE PUIGA se estranhou
Com JOAQUIM e BUREGO
Que até ANTONIO PADEIRO
Sofreu à vezes da dor
Falou para CÚ DE PUIGA
Que deixasse de rancor.

O juiz correu aflito
No final desta refrega
Temendo outro combate
Com a turma da galera
Deixou o campo agitado
Jogou o apito no mato
E disse ninguém me pega.


Autor: José Carlos Tibiriçá Pinheiro.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A MORDIDA DA SOGRA




Esta história engraçada
Que agora passo a contar
É de uma sogra medonha
Que só vivia pro lar
Ela era tão danada
Se fazia de coitada
Para o genro não falar.

Um dia Margarida
Como era conhecida
Partiu pra casa da filha
Fazendo-lhe uma visita
Falou da saudade apertada
Que estava solitária
Parecendo uma guarita.

O genro desconfiado
Chamado Sebastião
Falou com todo cuidado
Das fazes da solidão
Dizia impressionado
Pra sogra bem ao seu lado
Parecendo um dragão.

Margarida desejava
Que o genro logo morresse
Pra ficar com sua filha
Só pensava em interesse
Fazia até macumba
E era um Deus nos acuda
Se Bastião entendesse.

Bastião por outro lado
Era um homem cuidadoso
Nunca gostou da sogra
Só fazia roer osso
Dizia que a sogra era cão
Que tava na contra mão
Do seu caso amoroso.

Falava que sua sogra
Parecia uma baleia
Tinha o bucho inchado
E por cima era feia
Vivia despenteada
Dizia-se iluminada
Feito uma lua cheia.

Margarida não gostava
Do seu genro Bastião
Dizia que era um chato
Baixo, feio, do dentão!
Sempre vivia zangado
Era um homem descuidado
Parecendo um leão.

Outro dia Margarida
Visitou Sebastião
Queria entrar no acordo
Com alguma condição
Pra morar com sua filha
Nem que fosse numa ilha
Falou-lhe de antemão.

Ai, Bastião enlouqueceu!
Com aquela situação
Partiu pra cima da sogra
Com um porrete na mão
Danou uma cacetada
Na sogra aperreada
Parecendo um limão.

E a sogra revidou
Partiu pra Sebastião
Tacou-lhe uma dentada
Na polpa de seu bundão
Que ficou tão dolorido
Faltou até o sentido
Vindo a cair no chão.

Então, só foi o que deu!
Pro pobre de Bastião
Tirou o corpo de banda
Correu feito um ladrão
Falaram que quando vivesse
Mesmo quando ele morresse
Jamais teria razão.

Autor: José Carlos Tibiriçá Pinheiro.