quinta-feira, 23 de abril de 2009

ENGENHARIA POLÍTICA DE CABRESTO


Esta historia repentina
Que agora passo a narrar
Vem de duas classes distintas
Como a de um jogo de azar
Uma é de eleitor serpente
Outra é de político vidente
Aquele que vem explorar.

O perfil do eleitor serpente
É aquele que vem rastejando
Pedir ao político vidente
Até um metro de pano
Dinheiro, cachaça, dentadura
Tijolo uma sopa de verdura
Pra sair do desengano

O político vidente é aquele rabugento
Fala alto e engraçado
Diz que é criador de gado
E o protetor de muita gente
Faz previsão do futuro
E que nunca foi pão duro
Enterrou até indigente.

O eleitor quando encontra
Um político na sua frente
Fica tímido e agitado
Feito um cidadão carente
Com pá de ouvido inchado
De tanto ouvir transtornado
Promessa do tal vidente.

Político quando discursa
Parece um milionário
Vem todo de paletó
Cantando feito canário
Pra tudo tem promessa
Diz que nunca teve presa
E sempre foi partidário.

O pobre eleitor carente
Nunca soube nem votar
Pensa que uma eleição
É como um jogo de azar
Vota naquele mais forte
Que lhe promete a sorte
Que nunca vai chegar.

Tem político danado
Aquele que faz chorar
Ele fala emocionado
Fingindo que vai chorar
Deixa todo mundo em prantos
Como se fosse um encanto
Só com a força do olhar.

Terminando a eleição
Quem ganhou vai pra Brasília
Dentro de um avião
Beber vinho ou uísque com tira-gosto de pinha
Comer churrasco em mansão
Vitela, porco e salmão
Lagosta e camarão numa beira de piscina.

O pobre do eleitor serpente
Retorna com fome pro sertão
Em cima dum pau de arara
Traído na contramão
Como cachorro vira-lata
Se acomoda com cachaça
Calado de pé no chão.

Compadecido com a causa
Venho aqui pra lhes dizer
Que o voto é sagrado
É dele que faz viver
O sentimento do povo
O velho se torna novo
Pra quem sabe escolher.

Autor: José Carlos Tibiriçá Pinheiro.

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